Impacto do surto de febre amarela na ocorrência de primatas em paisagens fragmentadas do Espírito Santo

Nome: Nila Rassia Costa Gontijo
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 16/05/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Danielle de Oliveira Moreira Co-orientador
Sérgio Lucena Mendes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Carla de Borba Possamai Suplente Externo
Danielle de Oliveira Moreira Coorientador
Karen Barbara Strier Examinador Interno
Leonora Pires Costa Suplente Interno
Rodrigo Lima Massara Examinador Externo
Sérgio Lucena Mendes Orientador

Resumo: Doenças infecciosas são motivos de grande preocupação na saúde pública mundial, com sua emergência desencadeada por atividades antrópicas, em muitos casos. Dentre tais doenças estão as arboviroses, causadas por arbovírus e podem representar grande ameaça para a fauna, gerando, inclusive, o declínio de populações em vida livre. Uma das doenças mais conhecidas que atingem populações de animais silvestres, principalmente primatas neotropicais, é a febre amarela. Durante os anos de 2017 e 2018, o estado do Espírito Santo foi atingindo por um surto de febre amarela silvestre que contabilizou vários registros de epizootias. Dessa forma, o presente estudo objetivou estimar o impacto do surto da febre amarela em populações de primatas que habitam fragmentos de mata em áreas com diferentes taxas de cobertura vegetal na região serrana do estado. Realizamos buscas ativas em 36 pontos para verificar a presença de primatas após o surto e 81 entrevistas com moradores próximos aos pontos amostrados para avaliar a percepção em relação à presença desses primatas, antes e após da passagem da virose na região. Em seguida, criamos modelos para estimar as probabilidades de ocupação antes do surto e a probabilidade de extinção após o surto. Utilizamos como variáveis a área do fragmento, o isolamento funcional e o índice de febre amarela. De acordo com as entrevistas, a redução recente de populações de primatas isoladas em fragmentos foi para: Alouatta guariba, em 82,5%; Callithrix spp., 49,1%; Callicebus personatus 25,5%; Sapajus nigritus 23,7%; e Brachyteles hypoxanthus para 19%. Os modelos indicaram que quanto maior o isolamento funcional dos pontos amostrais, menor é a probabilidade de ocupação antes do surto, para todas as espécies, exceto para A. guariba, espécie que não foi influenciada por nenhuma variável estudada. Geralmente, fragmentos isolados possuem um menor fluxo gênico entre as populações. Considerando que a redução da variabilidade genética dificulta a viabilidade das populações e a sobrevivência da espécie em longo prazo na região, o isolamento pode ter tornado as espécies mais suscetíveis a eventos estocásticos, como é o caso do recente surto. As implicações da paisagem altamente fragmentada podem, em conjunto, ter diminuído a ocupação de primatas e deixado as populações em desequilíbrio. Consequentemente, a fragmentação, o isolamento e a presença da febre amarela podem ter causado extinções locais nos municípios estudados, principalmente para Alouatta guariba, espécie altamente sensível à virose. Assim, entender a resposta das espécies a fatores da paisagem e a eventos estocásticos, como o surto de febre amarela, é fundamental para prever futuras extinções ou distúrbios populacionais e, consequentemente, elaborar medidas de conservação coerentes com a realidade local. Este trabalho reforça a importância da manutenção de fragmentos florestais grandes e mais conectados que contribuam com a persistência e viabilidade de espécies de primatas em poucos fragmentos.
Palavras-chave: epizootias, extinção local, entrevistas, redução populacional.

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