Estratégias de forrageamento do muriqui-do-norte (Brechyteles hypoxanthus) em um fragmento florestal em Santa Maria de Jetibá, ES

Nome: MARIANA PETRI DA SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/02/2010
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Sérgio Lucena Mendes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Jean-Christophe Joyeux Examinador Interno
Maurício Talebi Gomes Examinador Externo
Sérgio Lucena Mendes Orientador
Valéria Fagundes Examinador Interno

Resumo: O muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) é um primata folívoro-frugívoro e o principal componente de sua dieta é determinado pelo ambiente e pela disponibilidade de recursos. Neste estudo, foram investigadas as variações sazonais entre os itens, fontes e espécies vegetais utilizados por um grupo de 13 muriquis-do-norte em um fragmento florestal de 128 ha (20º 03S e 40º 41'W), situado no município de Santa Maria de Jetibá, ES. As observações foram realizadas entre os meses de dezembro de 2008 a fevereiro de 2009 e de junho de 2009 a agosto de 2009, correspondendo às estações chuvosa e seca na região, respectivamente. Durante 60 dias completos, 30 em cada estação, dados sobre a dieta dos muriquis foram sistematicamente coletados a partir de amostras de varredura, obtendo-se 683 horas de observação e 4.200 registros alimentícios. Os muriquis alteraram significativamente a contribuição de itens alimentares na dieta, principalmente em relação ao consumo de frutos e folhas. Na estação chuvosa, 26,26% do período em alimentação foi dedicado à ingestão de folhas e 51,14% à ingestão de frutos, enquanto na seca 62,12% do tempo em alimentação foi investido no consumo de folhas e 20,79% no consumo de frutos. Ao contrário de outros estudos, frutos imaturos corresponderam à maior parte da contribuição de frutos na dieta dos muriquis (79,09%) e, de maneira geral, o consumo de frutos (34,39%) foi maior do que o esperado para um ambiente fortemente fragmentado. Concordando com as necessidades ecológicas de um primata de grande tamanho corporal, árvores foram as principais fontes utilizada, em ambas as estações. As principais espécies vegetais na dieta foram diferentes entre as estações, e a contribuição das 3 principais espécies aumentou no período em que os muriquis ingeriram primordialmente folhas. Apenas uma espécie, Schefflera calva, foi responsável por um quarto da dieta na estação seca, a despeito da sua disponibilidade na floresta, sugerindo que os muriquis alimentam-se seletivamente dessa espécie. Além desta, espécies como Helicostyles tomentosa, Miconia cinnamomifolia, Piptocarpha macropoda e Vochysia sp. foram importantes fontes alimentares para os muriquis no fragmento de estudo e devem ser levadas em consideração em planos conservacionistas que incluam o reflorestamento.
A teoria do forrageamento ótimo prevê que os animais irão se comportar de maneira a maximizar a energia obtida, balanceando custos e benefícios do forrageamento. Como os principais itens da dieta dos muriquis (folhas e frutos) variam em disponibilidade espacial e nas propriedades nutricionais, avaliou-se se o consumo diferenciado desses itens, por um grupo de 13 muriquis em um fragmento florestal de 128 ha, situado no município de Santa Maria de Jetibá, ES (20º 03S e 40º 41'W), implica em mudanças nas atividades comportamentais e no padrão de uso do espaço. A partir de 60 dias de observações realizadas entre os meses de dezembro de 2008 a fevereiro de 2009 e de junho de 2009 a agosto de 2009 (estações chuvosa e seca, respectivamente) obteve-se 683 horas de observação e 15.253 registros individuais de atividades. Os muriquis repousaram menos (31,78% do tempo) e deslocaram-se mais (35,29%) na estação chuvosa, quando consumiram mais frutos, empregando uma estratégia de maximização do ganho energético. Na estação seca, de maior consumo de folhas, os muriquis empregaram uma estratégia de minimização do gasto, repousando mais (41,19%) e deslocando-se menos (28,35%). O tempo em alimentação não diferiu significativamente entre as estações (29,24% e 28,76%) As distâncias percorridas e a velocidade de deslocamento também foram maiores quando consumiram mais frutos, provavelmente devido à distribuição mais esparsa deste recurso no ambiente. A área utilizada foi praticamente a mesma nas duas estações e correspondeu a uma grande extensão do fragmento, o que provavelmente é um reflexo das limitações espaciais sofridas pelo grupo e da necessidade de explorar o máximo de áreas possíveis para obter recursos. O ciclo de atividades diárias também foi diferente entre as estações, mas provavelmente esteve relacionado a estratégias termorreguladoras. Os muriquis ajustaram seu comportamento de acordo com o item utilizado e, embora não seja possível afirmar que o balanço energético (energia ganha menos energia gasta) tenha sido o mesmo entre as duas estações, eles pareceram comportar-se de acordo com a lógica da otimização do forrageamento.

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