Investigação sobre uma zona de sutura no Corredor Central da Mata Atlântica a partir da filogeografia de pequenos mamíferos

Nome: ANDRÉ SANTOS NEVES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 30/07/2010
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Leonora Pires Costa Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
KarlaSuemy Clemente Yotoko Examinador Externo
Leonora Pires Costa Orientador
Sarah Maria Vargas Examinador Interno

Resumo: Zonas de sutura constituem áreas onde são observadas além de hibridação entre táxons próximos e contato entre espécies que não hibridam quebras filogenéticas, representadas por padrões recorrentes de diversidade em populações próximas situadas a cada lado da zona de sutura. A identificação e investigação sobre estas zonas constituem exemplos claros de estudos zoogeográficos, utilizados na reconstrução dos eventos históricos que produziram os atuais padrões regionais de diversidade. Estudos em fitogeografia e florística há muito evidenciam a distinção entre a Mata Atlântica ao norte e ao sul da região do Rio Doce, assim como trabalhos envolvendo diferenciação faunística. Há ainda estudos recentes em biogeografia cladística e filogeografia com diversos grupos de vertebrados indicando essa mesma quebra latitudinal e a consequente existência de componentes norte/sul na região central da Mata Atlântica. O presente trabalho procurou investigar essa zona de sutura identificada no Corredor Central da Mata Atlântica a partir dos padrões de distribuição de linhagens genealógicas em sete espécies de pequenos mamíferos. Para tal, foram inferidos padrões regionais de variações moleculares intra- e interespecíficas, a fim de refinar geograficamente ou identificar com precisão os limites das quebras filogeográficas e das zonas de contatos já citadas por outros autores. Foram sequenciados os primeiros 801 pares de bases do gene mitocondrial citocromo b (cit b) a partir de amostras de tecido hepático de cinco espécies de marsupiais e duas de roedores, ao longo da área de distribuição dessas populações no Corredor Central da Mata Atlântica. O cálculo de distância genética, as análises filogenéticas análise bayesiana e de máxima verossimilhança e a construção das redes de haplótipos utilizando o método de Median Joining permitiram identificar uma estrutura filogeográfica para cinco dos táxons investigados cujo padrão acompanha o gradiente latitudinal da Mata Atlântica. Os grupos filogeográficos identificados nas árvores de Neighbor Joining, nos cladogramas e nas redes de haplótipos ficam separados entre si pelas bacias hidrográficas que drenam o Corredor Central da Mata Atlântica quando aos mapas de distribuição das populações são acrescentados os principais rios que cortam a região. As quebras filogeográficas assim identificadas puderam revelar a região do Rio Mucuri, no limite entre os estados da Bahia e do Espírito Santo, como fundamental no isolamento das populações geográficas investigadas. Para todos os táxons com estrutura filogeográfica identificada, os maiores valores de divergência genética e a separação entre os principais clados monofiléticos identificados nas análises cladísticas surgem entre populações separadas pela região do Rio Mucuri. Os resultados também identificam uma quebra filogeográfica na região do Rio Doce, para todos esses táxons, mas, neste caso, a divergência genética entre as populações é bem menor. Duas outras quebras filogeográficas também coincidem com a drenagem das bacias hidrográficas, uma na região do Rio Jequitinhonha e outra na região do Rio de Contas, no sul da Bahia. Porém, apesar da divergência genética entre as populações ser tão alta quanto aquela observa na região do Rio Mucuri, isso acontece apenas para dois dos táxons investigados. Isso porque para os demais táxons, todas as populações ao norte do Rio Mucuri, na divisa entre os dois estados, formam um grupo filogeográfico único. Os resultados obtidos não confirmam os limites propostos para o Refúgio da Bahia no interior do qual populações teriam permanecido isoladas pela matriz de vegetação mais aberta que prevalecia nas áreas fora dos refúgios ecológicos durante o período glacial do Pleistoceno. A identificação da região do Rio Mucuri como possuindo uma zona de sutura de papel fundamental para a distribuição das linhagens genealógicas no Corredor Central da Mata Atlântica foi possível graças ao refinamento das quebras filogeográficas indicadas por trabalhos anteriores a partir da adição de localidades amostradas ao longo da área de distribuição dos táxons investigados.

Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910