DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE UNIDADES EVOLUTIVAS DE JACARÉ-DE-PAPO-AMARELO (Caiman latirostris, DAUDIN 1802): PERSPECTIVAS ECOLÓGICAS E CONSERVACIONISTAS

Nome: FERNANDO PAULINO ALVARENGA

Data de publicação: 07/08/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA CAROLINA LOSS RODRIGUES Presidente
JOZELIA MARIA DE SOUSA CORREIA Examinador Externo
RODRIGO BARBOSA FERREIRA Examinador Interno

Resumo: O jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) é uma espécie de crocodiliano
amplamente distribuída na América do Sul, com registros em diversos ambientes
e bacias hidrográficas, desde áreas alagadas costeiras até regiões do interior do
continente. Estudos genéticos recentes revelam a existência de cinco unidades
evolutivas geneticamente distintas dentro da espécie, indicando que sua história
evolutiva pode ter sido fortemente influenciada por barreiras geográficas, como
divisores de bacias hidrográficas, e por processos de adaptação a diferentes
condições ecológicas. Partindo dessa premissa, esta dissertação teve como
objetivo investigar a distribuição potencial dessas unidades evolutivas e explorar
a relação entre variações genéticas e nichos ecológicos ocupados, por meio de
Modelos de Nicho Ecológico (MNE). Utilizamos variáveis ambientais de origem
bioclimática, topográfica e hidrológica para modelar a adequabilidade ambiental
de cada uma das cinco unidades evolutivas identificadas. As ocorrências foram
organizadas conforme a origem genética e associadas às ecorregiões
hidrográficas, sendo posteriormente agrupadas em dois grandes conjuntos
ecológicos: (i) Grupo Atlântico Costeiro (GAC), composto pelas unidades
evolutivas (UE) Nordeste Mata Atlântica (NORMA) e Fluminense (FLUMI), e (ii)
Grupo do Planalto Interior (GPI), que inclui Caatinga e drenagens costeiras
(NOCAA); São Francisco (SAOF); e bacias do Paraná, Uruguai, Iguaçu e Chaco
(PARAN). Os modelos indicaram padrões distintos de adequabilidade entre os
grupos, com variações significativas nas variáveis mais influentes para a
distribuição das unidades evolutivas. A proximidade de corpos hídricos e a altitude
foram os principais preditores nos modelos, refletindo a dependência da espécie
por ambientes aquáticos e baixas altitudes. Além disso, testes de sobreposição e
equivalência de nicho mostraram baixa similaridade entre os grupos GAC e GPI,
sugerindo que as unidades evolutivas ocupam nichos ambientais distintos, ainda
que compartilhem uma ancestralidade comum. Esse padrão reforça a hipótese de
que a diferenciação ecológica pode ter acompanhado (ou mesmo impulsionado)
os processos de isolamento e divergência genética. Os resultados obtidos
demonstram que a variabilidade ecológica entre as UEs de C. latirostris deve ser
levada em consideração nas estratégias de manejo e conservação da espécie. A
conservação efetiva depende da compreensão das particularidades ecológicas e
genéticas de cada grupo, especialmente frente aos desafios impostos pela
degradação de habitats, expansão urbana, fragmentação florestal e mudanças
climáticas. Assim, esta dissertação contribui para o entendimento da história
evolutiva do jacaré-de-papo-amarelo e oferece subsídios técnicos e científicos
para ações conservacionistas direcionadas.

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