Filogenia e diversificação Bethylidae (Hymenoptera, Chrysidoidea): Reconstruindo a história do grupo através de moléculas

Nome: ROSANA DOS REIS ABRANTE NUNES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 09/10/2013
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Valéria Fagundes Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Outro Departamento Examinador Externo
Ricardo Kawada Examinador Externo
Roberta Paresque Examinador Interno
Valéria Fagundes Orientador
Yuri Luiz Reis Leite Examinador Interno

Resumo: Membros de Bethylidae (Chrysidoidea; Apoidea) são vespas parasitóides com um papel ecológico importante por atuar no controle populacional de coleópteros e microlepidópteros. A família possui distribuição mundial e, pelos registros fósseis, começou sua diversificação no Cretáceo tardio. Sua classificação é controversa e passou por várias mudanças desde sua descrição por Halliday em 1839. Atualmente são reconhecidas cinco subfamílias viventes (Bethylinae, Pristocerinae, Epyrinae, Scleroderminae e Mesitiinae) e uma subfamília fóssil (Lancepyrinae) alocados em 102 gêneros, sendo 89 viventes. Estudos prévios mostram que marcadores moleculares associados com dados morfológicos auxiliam no entendimento das relações filogenéticas em Hymenoptera e na classificação e criação de hipótese sobre origem e diversificação de clados. O presente trabalho utilizou sequências de dois genes mitocôndrias (subunidade menor 16S do gene ribossomal e citocromo oxidase I) e de um gene nuclear (subunidade maior 28S do gene ribossomal), individualmente ou concatenadas, para inferir as
relações entre membros de Bethylidae em diferentes níveis hierárquicos, além de estimar o local e a idade de divesificação das principais linhagens de Bethylidae. A estimativa de tempo de
divergência foi utilizada para datar a cladogenese das principais linhagens de Bethylidae. Para a determinação do local de diversificação dessas linhagens foi realizada uma estimativa baseada em eventos históricos de divergência e vicariância. Nossos dados corroboraram a monofilia de Bethylidae e das subfamílias Bethylinae, Pristocerinae, Epyrinae e Mesitiinae, além do agrupamento formado por Scleroderminae + Mesitiinae. O compartilhamento do ancestral
comum mais recente entre Bethylidae e Chrysidoidea foi datado em aproximadamente 139 milhões de anos atrás (m.a.a.) e a separação de Bethylidae em duas linhagens principais há aproximadamente 130 m.a.a. Os dados de reconstrução das áreas ancestrais apontam para o
surgimento da linhagem que parasita lepidóptera na área que compreendia Austrália e Índia-Madagascar, enquanto a origem da linhagem que parasita coleóptera foi indicada na região sudeste do continente Godwanico, atualmente correspondente a Índia, Madagascar e Arábia. Dentro de cada subfamília alguns grupos foram destacados como resolvidos taxonomicamente, enquanto que para outros grupos foi evidenciado a necessidade de estudos moleculares e
morfológicos mais detalhados para a delimitação taxonômica e elucidação das relações filogenéticas. Em Bethylinae, os gêneros Lytopsenella e Eupsenella foram recuperados como grupo-irmão e basal aos demais gêneros. Goniozus é polifilético e deve representar mais de um gênero. A subdivisão de Pristocerinae em linhagens bem definidas foi congruente com sinapomorfias morfológicas apontadas para o grupo. Pristocera foi recuperado como parafilético em relação Kathepyris, levantando questões sobre a identidade desses dois gêneros.
Epyrinae e Scleroderminae tiveram um histórico taxonômico contubardo, e a filogenia molecular apresentou a necessidade de estudos filogenéticos mais aprofundados. Em Epyrinae, o gênero Epyris foi recuperado como polifilético. Em relação à Scleroderminae, a posição do gênero Discleroderma é incerta e os gêneros Glenossema, Tuberepyris e Solepyris foram incluídos em Epyrinae e não em Scleroderminae como preconizam os estudos baseados em
morfologia. A subdivisão em tribos de Mesitiinae não foi recuperada, sendo considerado um arranjo artificial. A incorporação da ferramenta molecular trouxe uma nova abordagem nos estudos cladísticos e se mostrou eficiente em recuperar os arranjos propostos cem anos atrás por Kieffer (1914), assim como revelou relações inéditas na literatura. Acreditamos que o panorama atual traz novas perspectivas para estudos cladísticos em Bethylidae, indicando novas abordagens e grupos a serem investigados com estudos morfológicos e moleculares mais robustos e específicos.

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