Entre florestas e humanos: um olhar sobre os ungulados do
Espírito Santo
Nome: JARDEL BRANDÃO SEIBERT
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 26/11/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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Danielle de Oliveira Moreira | Co-orientador |
Sérgio Lucena Mendes | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Examinador Interno |
Ana Carolina Loss Rodrigues | Suplente Externo |
Danielle de Oliveira Moreira | Coorientador |
Marcelo Teixeira Tavares | Suplente Interno |
Márcio Leite de Oliveira | Examinador Externo |
Mariane da Cruz Kaizer | Examinador Externo |
Sérgio Lucena Mendes | Orientador |
Yuri Luiz Reis Leite | Examinador Interno |
Resumo: Os grandes ungulados representam um importante grupo funcional na região
Neotropical e sua ausência no ambiente pode refletir na perda de consideráveis
processos ecológicos. Esse grupo vem sofrendo com pressões antrópicas que
afetam a qualidade dos remanescentes florestais e alteram a disponibilidade de
recursos na paisagem. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar o padrão
de ocupação dos ungulados, estudando os efeitos dos tipos de habitats e da
perturbação humana sobre a ocupação dessas espécies, em um dos últimos
refúgios da Mata Atlântica de Tabuleiros. A região é composta por um grande
bloco de matas, que ainda apresenta um nível de conservação alto, e a área
florestal é circundada por diferentes cultivos agrícolas. Utilizamos dados de um
monitoramento com armadilhas fotográficas, feito entre janeiro e março de
2017. Instalamos 47 armadilhas, aleatoriamente, em três diferentes habitats
(floresta, plantação de eucalipto, agricultura). Para estimar a ocupação dos
ungulados, utilizamos o modelo de ocupação single-species, single-season,
que estima a probabilidade de uma área ser ocupada durante um intervalo de
tempo. A seleção das covariáveis foi baseada na ecologia intrínseca das
espécies, considerando as diferentes preferências de habitat. No total,
obtivemos um esforço amostral de 1.854 câmeras/dia e 465 registros
independentes de ungulados. De acordo com nossos resultados, para as antas,
quanto maior a distância das cabrucas, menor a taxa de ocupação, e quanto
maior for a distância de estradas e maior for a porcentagem de mata, maior a
ocupação. Para os catetos, quanto maior a distância de cabrucas, menor a taxa
de ocupação, e quanto maior as distâncias de cultivos de mandioca, de corpos
dágua, de estrada e maior a porcentagem de mata, maior a taxa de ocupação
da espécie. Para o grupo Mazama spp., quanto menor as distâncias dos
cultivos de cana, da cabruca e de estradas, maior será a taxa de ocupação e
quanto maior for a distância do eucalipto e maior porcentagem de mata, maior
a taxa de ocupação. Deste modo, destacamos a importância dos diferentes
ambientes encontrados na área de estudo para a probabilidade de ocupação
dos ungulados. Assim, concluímos que, mesmo as espécies que toleram certos
níveis de antropização (antas e catetos) estão intimamente associadas ao
ambiente florestal e espécies do grupo Mazama, que ocupariam áreas com
nível intermediário de antropização, além de utilizarem áreas florestais,
demonstram a probabilidade de ocupar locais mais perturbados (próximos aos
cultivos de cana, cabruca e estradas).
Palavras-chave: armadilha fotográfica; atividade antrópica; Complexo
Linhares-Sooretama; ocupação; ungulados.