Agulha no Palheiro: Modelos de Distribuição Geográfica da Cuíca Dágua (chironectes Minimus) Através do Tempo
Nome: Diego de Souza Bretas
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/11/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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Leonora Pires Costa | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Ana Carolina Loss Rodrigues | Examinador Interno |
Guilherme Siniciato Terra Garbino | Examinador Externo |
JERONYMO DALAPICOLLA | Suplente Externo |
Leonora Pires Costa | Orientador |
Resumo: A cuíca dágua (Chironectes minimus) é uma das pouquíssimas espécies de marsupial semiaquático conhecidas na região Neotropical. Visualmente, é muito peculiar, apresentando uma série de adaptações similares às encontradas em lontras. Seu status de conservação é variável, a depender da escala espacial observada e, por conta do seu hábito de vida, acaba sendo sub representada em inventários baseados em técnicas de captura tradicionais e, consequentemente, pouco compreendida em aspectos ecológicos básicos. Historicamente, sua distribuição geográfica não é uniforme, gerando inconsistências acerca de sua classificação. Sabe-se que é fundamental compreender a distribuição das espécies como etapa imprescindível na elaboração de estratégias eficientes para a conservação da biodiversidade, tanto atualmente quanto em cenários ambientais futuros. Ferramentas como os Modelos de Distribuição de Espécies são capazes de predizer a distribuição potencial de variados táxons, com base em registros de ocorrência e variáveis ambientais relevantes para sua persistência. Neste contexto, este estudo estimou a distribuição geográfica da cuíca dágua atual e em diferentes cenários futuros, a partir da elaboração de modelos de distribuição de espécie, utilizando os softwares MaxEnt 3.4.1 e RStudio. Foram utilizados 480 registros de ocorrência e dez variáveis bioclimáticas na elaboração dos modelos de distribuição atual e nos diferentes cenários ambientais futuros. A partir dos modelos gerados, percebemos a expansão da distribuição geográfica potencial de C. minimus conhecida pela IUCN atualmente, reforçando a necessidade de sua atualização. Em relação à distribuição geográfica da espécie no futuro, pudemos observar a contração das áreas ambientalmente adequadas, gradativa e proporcionalmente de acordo com o aumento da intensidade dos efeitos de aquecimento global. Grandes porções de áreas ambientalmente adequadas para sua persistência na zona tropical se perdem, restando apenas pequenas manchas isoladas entre a América do Sul e a América Central, na região das Guianas e nas porções sul e sudeste do Brasil na zona temperada. Algumas regiões se mantiveram estáveis em relação à probabilidade da ocorrência da espécie, podendo representar um indicativo de maior sucesso na escolha de localidades futuras para estudos envolvendo C. minimus. A compilação dos novos registros de ocorrência em um banco de dados completo nos permitiu elaborar modelos de distribuição mais precisos, preenchendo algumas lacunas importantes na distribuição geográfica atual da cuíca dágua. Em relação ao tipo de distribuição geográfica apresentada, nossos resultados sugerem que, apesar de algumas lacunas existirem, a espécie possui distribuição contínua. Contudo, nos diferentes cenários futuros, mesmo no mais otimista, a distribuição se fragmenta, o que pode acarretar na interrupção do fluxo gênico entre as populações separadas e, assim, influenciar no processo de diferenciação entre os subgrupos ou em sua extinção local e/ou global. Todos os modelos criados demonstraram que as alterações ambientais decorrentes dos processos de aquecimento global são fatores que afetam bastante a adequabilidade ambiental em diversas áreas da distribuição potencial da cuíca dágua e, consequentemente, aumentando seu risco de extinção. Então, com o objetivo de conservação em médio a longo prazo, os esforços futuros devem se concentrar na redução da perda de habitat, na restauração dos habitats naturais já identificados e na ampliação e criação de novas áreas de proteção ambiental englobando a distribuição geográfica da espécie. Também sugerimos que estudos futuros devem ser enfatizados nas regiões das Guianas, na região Amazônica e nas partes centrais do Brasil. Confirmamos o uso de modelagem computacional como uma ferramenta eficiente na previsão de áreas mais prováveis para a ocorrência da cuíca dágua especialmente no delineamento de caminhos para esforços de amostragem futuros.
Palavras-chave: Modelos; distribuição geográfica; Chironectes minimus; cuíca d´água