Distribuição Altitudinal dos Morcegos da Serra do
Caparaó
Nome: Carina Maria Vela Ulian
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 14/07/2023
Orientador:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Orientador |
ANA CAROLINA SRBEK DE ARAUJO | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Orientador |
Ana Carolina Loss Rodrigues | Suplente Interno |
ANA CAROLINA SRBEK DE ARAUJO | Coorientador |
Enrico Bernard | Examinador Externo |
Ludmilla Moura de Souza Aguiar | Examinador Externo |
Maria João Veloso da Costa Ramos Pereira | Examinador Externo |
Rita Gomes Rocha | Suplente Interno |
William Douglas Mustin Carvalho | Examinador Externo |
Resumo: O presente estudo apresenta a caracterização da quiropterofauna presente no Parque
Nacional do Caparaó (PNC) e a avaliação de como as espécies e as guildas tróficas
de morcegos se distribuem ao longo do gradiente altitudinal. A região do PNC, no
sudeste do Brasil, concentra a maior elevação da Mata Atlântica, alcançando 2.892 m
(Pico da Bandeira). Apesar de ser uma das áreas protegidas mais representativas da
Mata Atlântica, a quiropterofauna da região do Caparaó permanece praticamente
desconhecida. Nessas áreas, gradientes de altitude são responsáveis por mudanças
potencialmente abruptas nas comunidades biológicas, principalmente devido a
mudanças na temperatura e na umidade, influenciando a flora e a fauna. Para
morcegos, é esperado que as comunidades em locais de altitude maior estejam
compostas principalmente por morcegos insetívoros aéreos devido à disponibilidade
de recursos e menores limitações fisiológicas. No Brasil, são raros os trabalhos que
abordam morcegos de regiões de altitude elevada, acima de 2.000 m, sendo a maioria
dos estudos realizados em regiões de altitude abaixo de 1.500 metros. Para
compreender como a comunidade morcegos se comporta nessa região, os 2.000 m de
elevação do PNC foram divididos em quatro faixas (de 800 a 2.800 m) e utilizados dois
métodos de amostragem: redes de neblina e gravações de ultrassom. Os dados
obtidos foram analisados quanto à riqueza, variação na composição e influência da
altitude na distribuição de espécies e guildas tróficas. Foram registradas 35 espécies,
sendo 15 por meio de redes de neblina e 23 em gravações bioacústicas, havendo
apenas três espécies registradas pelos dois métodos. Os registros obtidos incluem
duas novas espécies para o Espírito Santo, sendo Myotis izeckshoni (rede) e
Molossops temminckkii (bioacústica). Adiconalmente, os resultados evidenciam a
necessidade de se utilizar mais de um método de registro de morcegos para
caracterização da fauna, dado que individualmente, tanto as redes como as
gravações, apresentam limitações e podem subestimar a riqueza de espécies, sendo
métodos complementares. Houve declínio linear da riqueza de morcegos com o
aumento da elevação, sendo a guilda insetívoros aéreos amplamente distribuída ao
longo do gradiente e a única presente em altitudes maiores. Também foi detectado
que a variação na composição se deve ao aninhamento de espécies, com 62% de
semelhança entre as áreas mais baixa e mais alta, indicando a presença de
subconjuntos com perda ordenada de espécies ao longo do gradiente. Este trabalho
enfatiza a relevância que inventários de fauna e flora possuem para a caracterização
de padrões ecológicos e biogeográficos de comunidades de áreas de altitude, além de
contribuir em discussões que envolvam pressões ambientais decorrentes de
alterações antrópicas e climáticas que interferem na manutenção e preservação das
regiões montanhosas.
Palavras-chave: Chiroptera, distribuição de espécies, guildas tróficas, gradiente
altitudinal, Mata Atlântica, métodos de amostragem