Onde, quando e como as Harpias (Harpia harpyja) (Linnaeus, 1958) ainda se reproduzem na Mata Atlântica: o que revelam as sobreviventes nas florestas de Linhares e Sooretama?

Nome: BRENER FABRES DA SILVA

Data de publicação: 30/07/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANDREA SIQUEIRA CARVALHO Examinador Externo
AUREO BANHOS DOS SANTOS Presidente
FRANCISCA HELENA AGUIAR DA SILVA Examinador Externo
TÂNIA MARGARETE SANAIOTTI Coorientador

Resumo: A harpia (Harpia harpyja) é uma das maiores águias do mundo, com machos adultos
pesando entre 4,1 kg e 4,8 kg, e fêmeas entre 5,8 kg e 7,6 kg. Distribuída pelas
florestas Neotropicais do sul do México ao nordeste da Argentina, destaca-se na
Amazônia e Mata Atlântica brasileira. Sua sobrevivência depende de grandes áreas
florestais que oferecem recursos para alimentação, reprodução e abrigo. Essa espécie
se alimenta principalmente de mamíferos arborícolas como preguiças e macacos, e
nidifica em árvores emergentes que podem ultrapassar os 40 metros de altura. As
principais ameaças à harpia são a perda de habitat e a caça, levando-a a ser
classificada como vulnerável globalmente e criticamente ameaçada na Mata Atlântica,
especialmente no Corredor Central, onde é considerada criticamente ameaçada de
extinção nos estados do Espírito Santo e Bahia. Estudos recentes na Mata Atlântica
têm contribuído significativamente para o conhecimento da ecologia da harpia,
incluindo novos registros de distribuição e descobertas de ninhos. Foram
documentados 14 ninhos na região, sendo cinco na Argentina e nove no Brasil, todos
localizados no Corredor Central. A harpia é monogâmica, com casais que
frequentemente utilizam a mesma árvore para nidificação ao longo da vida
reprodutiva. As pesquisas sobre o comportamento reprodutivo da harpia começaram
há cerca de 60 anos na Amazônia, revelando detalhes sobre incubação, tempo de voo
juvenil, período de independência e ciclos reprodutivos. No entanto, na Mata Atlântica,
ainda há lacunas de conhecimento, especialmente em relação ao sucesso
reprodutivo, fundamental para entender sua ecologia reprodutiva e direcionar
estratégias de conservação. Este estudo tem como objetivo descrever onde, como e
quando as harpias se reproduzem na Mata Atlântica, mapeando a distribuição dos
ninhos, identificando o número de ninhos e suas fases reprodutivas, caracterizando
as árvores de nidificação e descrevendo o comportamento de corte das harpias, entre
outros aspectos. A pesquisa foi conduzida em seis áreas protegidas e uma fazenda
particular no Corredor Central da Mata Atlântica, abrangendo Espírito Santo e sul da
Bahia. Desde 2017, 13 ninhos foram monitorados por câmeras trap, distribuídos entre
10 casais, cada um identificado em árvores de diferentes espécies e alturas. Os dados
foram coletados por câmeras trap próximas aos ninhos, capturando imagens
acionadas por sensores de movimento. Os indivíduos observados incluíram adultos
(machos e fêmeas) e filhotes, com atividades registradas e analisadas para identificar
comportamentos específicos e padrões reprodutivos. Os resultados revelaram que os
ninhos estão localizados em árvores emergentes com altura média de 39 metros,
utilizando principalmente a espécie imbiruçu. Entre 2010 e 2023, foram monitorados
26 ciclos reprodutivos, apesar de falhas no funcionamento das câmeras em alguns
períodos. As fases reprodutivas observadas incluíram reconstrução do ninho, corte,
incubação, pós-incubação, ninhego, emplumação e filhote voando, com variações na
dedicação de cada sexo em diferentes fases. A reprodução da harpia na Mata
Atlântica exige uma compreensão detalhada de seus comportamentos e ciclos
reprodutivos, essenciais para guiar estratégias eficazes de conservação e manejo da
espécie na região.

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