Conexões entre a pluma do Rio Amazonas, o Carbono Orgânico Particulado e os
Padrões Biogeográficos Bentônicos na margem equatorial do Brasil.

Nome: ARAIENE PERES PEREIRA

Data de publicação: 14/07/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA CAROLINA DE AZEVEDO MAZZUCO Examinador Externo
ANGELO FRAGA BERNARDINO Presidente
ÁUREA MARIA CIOTTI Examinador Externo

Resumo: As plataformas continentais Amazônica e da Guiana representam um dos sistemas
marinhos mais complexos e dinâmicos do mundo, moldado pela interação entre a descarga
fluvial dos rios Amazonas e Orinoco, a circulação oceânica regional. Essa hidrodinâmica
influencia diretamente a distribuição espacial do carbono orgânico particulado (COP), com
implicações importantes para os ciclos biogeoquímicos no Oceano Atlântico e para a estrutura
das comunidades marinhas pelágicas e bentônicas. Porém, pouco se sabe ainda sobre a
influência da descarga do Rio Amazonas na dinâmica espaço-temporal do COP ao longo da
dispersão da pluma em direção ao Norte do Brasil. Neste estudo, foram analisados dados
hidrológicos da vazão do Rio Amazonas (estação Óbidos), imagens MODIS-Aqua
(2003–2023) para estimativas de COP e dados de ocorrência de invertebrados bentônicos
(OBIS) afim de investigar a relação entre a vazão e variabilidade espacial e temporal do COP.
A análise revelou padrões marcantes de sazonalidade hidrológica, modulados por eventos
climáticos como o El Niño–Southern Oscillation (ENSO), que impactaram diretamente a
disponibilidade de COP. A maior concentração de COP foi observada na região Norte,
associada ao transporte contínuo da pluma amazônica pela Corrente Norte do Brasil, enquanto
a região da Guiana apresentou menores concentrações, influenciada pela retroflexão da pluma
para o oceano aberto. Esses padrões hidrodinâmicos possivelmente influenciam a composição
bentônica regional. Foram contabilizados 4.541 registros de ocorrência, distribuídos entre 12
filos, com predominância de Arthropoda, Cnidaria, Echinodermata e Mollusca. A região da
Boca do Amazonas destacou-se pela maior riqueza taxonômica, possivelmente ligada à alta
hidrodinâmica e deposição de matéria orgânica, favorecendo crustáceos. A dissimilaridade
entre Boca e Norte e a similaridade entre Guiana e Orinoco possivelmente refletem a
influência combinada da pluma e da hidrodinâmica da região. Crustáceos como Xiphopenaeus
kroyeri e Penaeus subtilis destacaram-se como espécies representantes de ambientes ricos em
COP, enquanto corais e equinodermos demonstraram preferência por áreas com menor aporte
de matéria particulada. Os resultados sugerem que a estrutura das comunidades bentônicas da
plataforma Amazônica e da Guiana é fortemente influenciada pela distribuição do COP na
região. A influência de eventos extremos, como o El Niño de 2015–2017, que reduziram a
vazão do rio e as concentrações de COP em cerca de 15%, evidenciam a alta sensibilidade da
região a mudanças climáticas.

Palavras-chaves: Plataformas Continentais Tropicais; Carbono Orgânico Particulado (COP);
Comunidades Bentônicas; Pluma do Rio Amazonas; ENSO.

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