Respostas Histofisiológicas De Uca maracoani (Latreille, 1802-1803) Frente À Variação Hídrica E Salina
Nome: CAROLINA DE FARIAS BRANDÃO
Data de publicação: 13/08/2025
Banca:
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Papel |
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ALESSANDRA DA SILVA AUGUSTO | Examinador Externo |
ANIELI CRISTINA MARASCHI | Examinador Externo |
ROGERIO OLIVEIRA FALEIROS | Presidente |
Resumo: Crustáceos semiterrestres, habitantes das regiões costeiras, como o caranguejo chama-maré Uca maracoani, enfrentam variações recorrentes na salinidade e na disponibilidade hídrica, impostas pelo regime de marés, exigindo ajustes fisiológicos
e estruturais para a manutenção da composição dos fluídos corporais. A manutenção da homeostase osmótica e iônica é assegurada por mecanismos diferenciais de hiper- (captura de sal) e hipo-regulação (secreção de sal) em
espécies entremareais. Para tanto, este estudo investigou as respostas histofisiológicas de U. maracaoani frente à dessecação e à submersão em diferentes salinidades (10, 30 e 50 ‰). Após a coleta no estuário do rio São Mateus
(ES), caranguejos adultos foram mantidos em laboratório e submetidos a testes de tolerância, nos quais se determinou o tempo máximo de sobrevivência sob dessecação ou submersão em diferentes salinidades. A partir desses dados, e com base na influência do regime de marés, foi definido o tempo experimental de seis horas para exposição dos caranguejos. Os animais foram distribuídos em dois grupos principais: controle (mantidos em lâmina d’água nas salinidades de 10, 30 e
50 ‰) e totalmente submersos nas mesmas salinidades. Um grupo adicional foi submetido à dessecação por seis horas, utilizando como controle animais mantidos em lâmina d'água de 30 ‰S. Foram mensuradas a osmolalidade e a concentração de cloreto da hemolinfa, com cálculo dos poderes osmo- e ionoregulatórios. O último par de brânquias posteriores (7º) foi analisado histologicamente quanto ao efeito na espessura da lamela branquial. Os resultados demonstraram maior tempo de tolerância à submersão (sem efeito de salinidade), sem mortalidade até 240 h,
enquanto a exposição à dessecação resultou em 100% de mortalidade antes de 120 h. A capacidade osmorregulatória total e o ponto isosmótico variaram de 0,11 e 28 ‰S, respectivamente, em condição controle, para 0,18 e 25,6 ‰S nos animais mantidos em submersão, sendo considerada forte em ambos os casos. Por outro lado, a capacidade ionorregulatória total para o cloreto variou de 0,02 em animais controle para 0,34 nos animais mantidos em submersão, passando de muito forte
para fraca ionorregulação. O ponto iso-iônico para o cloreto não variou, permanecendo em 350 mM (22 ‰S). As alterações nas capacidades osmo- e ionorregulatórias estão relacionadas à menor capacidade de secreção de cloreto
(hipo-ionorregulação) em salinidade elevada. A dessecação promoveu queda significativa da osmolalidade da hemolinfa e retração da espessura da lamela branquial. Em experimentos de submersão, não houve efeito de tratamento
(controle x submerso), porém a exposição em salinidade elevada (50 ‰), em ambos tratamentos, induziu espessamento do epitélio branquial. Sendo assim, pode-se concluir que U. maracoani integra respostas morfofisiológicas que favorecem sua permanência em ambientes estuarinos sob a oscilação recorrente das marés, embora apresente vulnerabilidade à exposição aérea prolongada e menor capacidade de secreção de cloreto em condição hipersalina quando submersos.