Diversidade e vulnerabilidade de mamíferos de montanha frente às mudanças climáticas.

Nome: GABRIELA COLOMBO DE MENDONÇA

Data de publicação: 29/08/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALAN GERHARDT BRAZ MAGALHÃES Examinador Externo
MARIANE DA CRUZ KAIZER Examinador Externo
PABLO RODRIGUES GONÇALVES Examinador Externo
RITA GOMES ROCHA Examinador Interno
YURI LUIZ REIS LEITE Presidente

Resumo: Montanhas são ecossistemas essenciais para a manutenção da biodiversidade, pois
abrigam muitas espécies e desempenham papel crucial na regulação do clima, no
fornecimento de recursos hídricos e na manutenção de serviços ecossistêmicos. Apesar
de sua importância, esses ambientes enfrentam ameaças crescentes, como as mudanças
climáticas intensificadas por alterações no uso e cobertura do solo. Ecossistemas
montanhosos são particularmente sensíveis a estas alterações, que comprometem a
conectividade ecológica e alteram gradientes altitudinais, impactando diretamente a
composição e o funcionamento das comunidades. Os mamíferos exercem funções
ecológicas essenciais nestas comunidades e apresentam alta sensibilidade às mudanças
ambientais. Neste contexto, os objetivos deste estudo foram: 1) caracterizar as montanhas
do Brasil em relação à riqueza de espécies de mamíferos não voadores, seu grau de
proteção e os fatores climáticos, topográficos e de paisagem que moldaram essa fauna; e
2) avaliar os impactos projetados das mudanças climáticas sobre a adequabilidade
ambiental e riqueza de espécies nessas regiões. Por meio de um banco de dados global,
mapeamos as montanhas dentro do território brasileiro, classificamos os mamíferos não
voadores com base em suas ocorrências, caracterizamos os níveis de riqueza e
amostragem e quantificamos o grau de proteção destas áreas. Além disso, investigamos
o papel de variáveis climáticas, topográficas e da paisagem e avaliamos os efeitos de
mudanças climáticas futuras sobre a riqueza e adequabilidade destas áreas. Um total de
116 espécies de mamíferos não voadores foram registradas nas 62 montanhas brasileiras,
incluindo 11 espécies endêmicas, 8 espécies típicas de montanhas e 97 intermediárias.
Cerca de um terço das espécies de montanha estão ameaçadas de extinção sob alguma
categoria de ameaça e mais da metade das espécies endêmicas estão sob risco de extinção
ou possuem dados insuficientes para avaliação do grau de ameaça. Regiões mais
amostradas, como a Mata Atlântica, apresentaram maior riqueza e diversidade, enquanto
áreas como o Cerrado e a Amazônia ainda carecem de dados mais robustos. A cobertura
florestal predominou nas montanhas, mas apenas 9% das áreas mais diversas em termos
de mamíferos estão protegidas por Unidades de Conservação. As projeções futuras
indicam que a maioria das espécies avaliadas deverão sofrer perda significativa de
adequabilidade climática e declínio de riqueza sob todos os cenários futuros. A razão
entre área futura e atual revela retração progressiva, com o cenário mais extremo
projetando redução de 36% da área climática adequada até 2070 para mamíferos não
voadores de montanhas. Enquanto poucas espécies poderão expandir ou manter suas áreas
projetadas no futuro, a maioria apresenta tendência de retração da área, com perdas mais
severas concentradas nas regiões centrais e ganhos marginais em áreas periféricas das
montanhas. Estes resultados destacam que montanhas com alta biodiversidade estão entre
as regiões mais vulneráveis, reforçando a urgência de estratégias de conservação
específicas que considerem a vulnerabilidade diferencial das espécies, os efeitos
combinados das pressões climáticas e antrópicas e a necessidade de ampliar a proteção
efetiva dessas regiões sensíveis.
Palavras-chaves: Modelagem ecológica; Riqueza de espécies; Espécies endêmicas;
Biogeografia; Conservação

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