Inferências Filogeográficas e Estruturação Populacional de Sturnira lilium (phyllostomidae) de Mata Atlântica
Nome: Silvia Ramira Lopes Caldara
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/02/2008
Orientador:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Albert David Ditchfield | Orientador |
Rodrigo Lemes Martins | Examinador Externo |
Yuri Luiz Reis Leite | Examinador Interno |
Resumo: Na década de 90, alguns pesquisadores propuseram que morcegos de
distribuição continental apresentam baixos níveis de divergência gênica e
pouca estruturação geográfica. Entretanto, estudos recentes demonstraram
que algumas espécies de morcegos como Artibeus obscurus, Carollia
perspicillata e Desmodus rotundus possuem um alto nível de divergência de
seqüência entre os indivíduos geograficamente distantes. Algumas espécies
com baixa divergência de seqüência regionalmente, ainda assim mostraram
estrutura geográfica em escalas maiores, como Sturnira lilium. Além disso, para
algumas espécies que ocorrem na Mata Atlântica, foi proposta uma divisão
filogenética de suas populações em dois clados: um nordeste e outro sudeste.
Esse trabalho teve por objetivo descrever e analisar a possível estruturação
filogeográfica para as linhagens gênicas de populações de S.lilium em Mata
Atlântica, analisar a diversidade gênica inter e intrapopulacional dessa espécie
através de seqüências moleculares do gene citocromo b (DNAmt) e relacionar
filogeneticamente as amostras. A metodologia utilizada envolveu a extração de
DNA a partir de tecido hepático, amplificação por PCR do gene citocromo b e
seu seqüenciamento. As análises filogenéticas forma feitas usando o PAUP e
GARLI. A rede de haplótipos foi gerada pelo NETWORK e as análises
populacionais foram geradas pelo DNAsp e ARLEQUIN. As análises
filogenéticas apontaram a existência de dois clados dentro da Mata Atlântica,
que não estão estruturados geograficamente. Os clados formados condizem
com o proposto por Ditchfield (2000), sendo que um deles está mais
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relacionado filogeneticamente com o grupo, descrito pelo autor, que é
constituído por amostras do Brasil, Guiana Francesa e Panamá. A separação
desses clados pode ser resultado da formação dos refúgios durante a última
glaciação. Depois com a expansão da vegetação elas voltaram a ter contato.
No período que estiveram isoladas as linhagens do gene mitocondrial dentro
das populações acabaram se divergindo, produzindo os clados característicos
da Guiana Francesa e da América Central. Porém, este isolamento não foi
suficiente para permitir a especiação. Neste caso, os haplótipos da Guiana
Francesa encontrados no sudeste representam introgressão de haplótipos que
lá se diferenciaram, mas foram levados por dispersão de morcegos para a
Mata Atlântica através de fluxo gênico. Ou mantiveram um haplótipo ancestral
que se fixou nas Guianas Francesas, mas que permaneceu em freqüência
baixa no sudeste e nordeste do Brasil. As análises populacionais indicaram que
as populações dentro da Mata Atlântica não estão isoladas entre si. Algumas
delas apresentaram desvio de neutralidade, sugerindo assim uma expansão
populacional abrupta e recente. Os valores de diversidade haplotípica e
nucleotídica sugerem que as populações estiveram isoladas e divergiram.
Depois tiveram um contato secundário, com a dispersão dos novos haplótipos
formados entre si. Para se afirmar a história evolutiva da espécie, seria
necessário um estudo envolvendo outros genes em conjunto com análises de
dados morfológicos, para averiguar se a divergência gênica e a plasticidade
fenotípica da espécie são simplesmente divergência gênica intra-específica
com a possível retenção de caráter ancestral ou se há espécies crípticas dentro
do grupo.