Filogeografia comparada dos anuros endêmicos da Mata Atlântica Dendropsophus elegans (Anura, Hylidae) e Chiasmocleis spp. (Anura, Microhylidae)
Nome: JOÃO FILIPE RIVA TONINI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 11/02/2011
Orientador:
Nome | Papel |
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Ana Carolina Oliveira de Queiroz Carnaval | Co-orientador |
Leonora Pires Costa | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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Edgar Schneider | Examinador Externo |
Leonora Pires Costa | Orientador |
Mirco Solé | Examinador Interno |
Valéria Fagundes | Examinador Interno |
Resumo: Desde o surgimento da filogeografia, muitos dados foram gerados sobre os padrões de distribuição das populações de organismos da Mata Atlântica. Algumas quebras filogeográficas tiveram grande destaque, como por exemplo as existentes na região dos rios São Francisco e Doce, além de uma quebra também na região sul do referido bioma. Trabalhos utilizando paleomodelos climáticos para inferir a distribuição no passado de taxóns da Mata Atlântica incorporaram um componente preditivo aos estudos filogeográficos no Brasil. Além disso, forneceram cenários para que fosse possível testar as hipóteses de expansão demográfica de organismos da Mata Atlântica, associada aos períodos glacial e interglacial do Pleistoceno. Quando investigado o histórico demográfico de táxons que hoje habitam áreas frias e de altitude, observou-se expansão demográfica durante o Pleistoceno. Já os organismos que habitam áreas de baixada, foi observado que retraíram sua distribuição durante o Pleistoceno, e apresentaram expansão demográfica do norte para o sul depois do fim do último glacial. No presente trabalho, utilizo anuros endêmicos da Mata Atlântica (Dendropsophus elegans e espécies representativas do gênero Chiasmocleis) para inferir padrões biogeográficos regionais e investigar os processos históricos e ecológicos que os acarretaram. Para isso, utilizo sequências do gene mitocondrial ND2 de 148 amostras de D. elegans e 92 amostras de Chiasmocleis spp. Os resultados mostram que os dois táxons corroboram com a hipótese, já descrita na literatura, da existência elevados índices de diversidade haplotípica entre os rios São Francisco e Doce. Contudo, táxons provenientes de localidades na região mais ao sul da Mata Atlântica apresentaram sinais de expansão demográfica e baixos índices de diversidade haplotípica. As amostras provenientes de locais de maior altitude, dentro ou fora das áreas climáticamente estáveis propostas por outros autores, sugerem que as populações dessas regiões permaneceram isoladas durante muito tempo, acumulando diferenças genéticas significativas. Isto se contrapõe ao ocorrido com as populações que hoje habitam as baixadas, as quais sofreram contração populacional durante o último glacial, expandindo-se desde então. Em Chiasmocleis, espécies fenotipicamente distintas agruparam-se em um mesmo clado, apesar de ambas morfoespécies serem também reciprocamente monofiléticas. Isso pode representar um possível evento de hibridação, que pode ter ocorrido devido ao contato secundário entre indivíduos de ambas morfoespécies ou a uma diversificação recente com retenção de polimorfismo ancestral. Porém, o relógio molecular mostrou que a divergência entre os clados é muito antiga, cerca de 14,5 M.a., para aceitar a hipótese de diversificação recente.