Genética da população ex situ de harpia (Harpia harpyja) no Brasil

Resumo: A harpia (Harpia harpyja) é a maior águia da região neotropical, ocorre em baixas densidades dentro de seu habitat e mais da metade de sua distribuição está no Brasil. A harpia é uma espécie que depende da floresta, se alimenta de presas arborícolas, nidifica em árvores de dossel emergentes, retorna à mesma árvore para nidificar e requer grandes extensões de floresta para sobreviver. A perda de habitat é, portanto, uma das principais ameaças e é a principal razão das extinções locais para essa espécie. As florestas tropicais das Américas foram drasticamente reduzidas nas últimas décadas, inclusive no Brasil. No cenário global de sua distribuição, a harpia é considerada quase ameaçada de extinção. No Brasil, o país com a maior área de floresta tropical do mundo, compreendendo as florestas Amazônica e Atlântica, a espécie é considerada vulnerável.
Há 20 anos, o Projeto Harpia monitora as harpias no Brasil. O projeto iniciou suas atividades em 1997 em Manaus-AM, na Amazônia. Hoje, o projeto atua em todo o Brasil. O projeto mapeou mais de 130 ninhos e monitora cerca de 50 ninhos na Amazônia e Mata Atlântica. Embora as pesquisas usando telemetria convencional e por satélite iniciadas em 2004 e 2007, respectivamente, monitore os movimentos locais e regionais da harpia, as abordagens moleculares, iniciadas em 2005, estenderam a coleta de dados à ocorrência histórica e atual das espécies nas regiões brasileiras (Banhos et al. 2008; Banhos 2009; Banhos et al. 2016).
Em 2017, o Projeto Harpia incorporou um componente da conservação ex situ, seguindo a filosofia do Planejamento Integrado de Conservação (OnePlan Approach, Byers et al., 2014). Oliveira et al. (no prelo) verificaram a existência de 121 harpias em cativeiro, em 37 instituições no Brasil. Desse total, 64% (78) dos harpias nasceram na natureza, sendo colocados em zoológicos por agências governamentais após serem resgatados (os indivíduos foram vítimas de captura ilegal, ferimentos por armas de fogo e filhotes capturados após derrubadas de árvores); enquanto 36% (43) nasceram em cativeiro (Oliveira et al., no prelo). No entanto, a origem geográfica das harpias nascidas na natureza é muitas vezes desconhecida (44%), e nem a relação dos pares reprodutores (Oliveira et al., no prelo).
Indivíduos de espécies ameaçadas mantidas em zoológicos podem constituir uma população de segurança genética e demograficamente viável para restaurar populações extintas ou em declínio na natureza. No entanto, para o sucesso de um programa de conservação ex situ, é necessário que a variabilidade genética da população de segurança seja bem caracterizada e que o perfil genético dos indivíduos seja conhecido, para auxiliar no gerenciamento da população e no pareamento de adultos para reprodução.
Compreender a genética da população ex situ de harpia é o que nos motiva a execução deste projeto. Este estudo fornecerá informações relevantes para estabelecer um banco de dados demográfico e genealógico (studbook) para auxiliar o manejo populacional ex situ das harpias no Brasil.

Data de início: 2020-01-01
Prazo (meses): 36

Participantes:

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Coordenador Aureo Banhos dos Santos
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