Impactos genéticos da fragmentação da Mata Atlântica no Antropoceno

Resumo: O Antropoceno é conhecido como a mais nova época geológica da Terra, marcada pelos impactos cada vez maiores que a humanidade tem deixado no planeta. Apesar do reconhecimento formal do Antropoceno como uma nova época geológica ainda ser tema de debate, não existe dúvida de que os humanos se tornaram os principais responsáveis pelas mudanças globais, impactando processos e sistemas em larga escala e longo prazo. Mudanças bióticas e abióticas durante o Antropoceno causaram perdas massivas de habitat e biodiversidade, especialmente em função da agricultura, indústria e urbanização intensas. A fragmentação severa dos habitats reduz a variabilidade genética das populações, diminuindo o potencial evolutivo das espécies sob condições ecológicas que estão mudando cada vez mais rápido. Evidências dos impactos humanos na variação genética das populações naturais são ainda relativamente escassas, especialmente nas regiões tropicais. A região Neotropical abriga mais espécies do que qualquer outra na Terra, levando pesquisadores a investigar os padrões e processos responsáveis por tamanha biodiversidade. Além dos mecanismos evolutivos do passado, fatores que comprometem a manutenção da diversidade ao longo do tempo também são relevantes no entendimento dos padrões atuais de diversidade. Isso é particularmente crítico, pois as mudanças globais e destruição dos habitats são as ameaças mais sérias à biodiversidade neotropical. Com esse projeto, pretendemos explorar a genética e genômica de populações em um dos mais importantes e ameaçados biomas da Terra, a Mata Atlântica. Se estendendo ao longo da costa brasileira, esse bioma foi a principal porta de entrada de ocupações recentes no país e tem sido intensamente fragmentado nos últimos 500 anos. O objetivo do presente projeto é investigar o papel da redução e fragmentação antropocênica da Mata Atlântica na diversidade e estrutura genéticas das populações animais. Para isso, iremos: i) Reconstruir a história das populações utilizando técnicas de sequenciamento de DNA tradicional e de nova geração; ii) Inferir a distribuição potencial de espécies sob cenários de desmatamento e mudanças climáticas usando técnicas estatísticas multivariadas e ferramentas geoestatísticas de modo a identificar espécies-chave e áreas-chave para conservação evolutiva; iii) Explorar o grau de congruência entre cenários de dinâmica florestal e demografia populacional através do tempo combinando os resultados genômicos e de modelagem de distribuição geográfica. O progresso científico do presente projeto se apoia na transição inovadora dos métodos tradicionais de sequenciamento de DNA para a tecnologia de ponta de sequenciamento de última geração, no intuito de esclarecer a contribuição relativa de eventos climáticos pré-históricos e fragmentação de habitat recentes dirigidos pela ação humana, nos padrões genômicos das populações de mamíferos Neotropicais. A abordagem multidimensional deste projeto nos permitirá avaliar as respostas evolutivas de espécies com diferentes requerimento ecológicos e construir modelos preditivos para respostas evolutivas futuras, e desta forma identificar quais espécies necessitam de maiores esforços de conservação. Em última análise, os resultados obtidos nesta pesquisa nos ajudarão a definir estratégias chave de conservação para uma das regiões mais megadiversas do globo, à medida que o clima e o habitat continuam a mudar. Além disso, o projeto contribuirá de forma decisiva para a formação de recursos humanos, melhoria da infraestrutura de pesquisa e educação e disseminação científica.

Data de início: 2019-03-01
Prazo (meses): 48

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador Yuri Luiz Reis Leite
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